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sábado, 27 de dezembro de 2008

Obdulio, o vilão de uma nação.


Na noite de 16 de julho de 1950, onde horas antes a seleção Brasileira havia perdido a copa do mundo para o Uruguai, o velho capitão uruguaio (Obdulio) não quis comemorar com o resto do time. Convidou o massagista da Celeste a sair com ele. Os dois deixaram o hotel sem destino certo. O Rio era um vasto cemitério. Nem alma do outro mundo se via pelas ruas da cidade.
Obdulio e o massagista entram num bar da Avenida Copacabana. O dono do bar é um velho conhecido de outras passagens da seleção uruguaia pelo Brasil. Obdulio, que já saíra do hotel um tanto calibrado, quer tomar chope. Está sem um tostão no bolso. Pergunta se tem crédito. O próprio dono traz duas canecas, espumando. Obdulio, ainda em pé, bebe de um só fôlego a primeira caneca.
Já sentado, Obdulio vê entrar no salão um rapaz. Um rapaz que é a própria máscara da desolação. Nas raras mesas ocupadas, as pessoas ouvem, desconsoladas as lamúrias do moço. Ressoa pela sala a tristeza cósmica do povo brasileiro.
- O Obdulio derrotou o Brasil - dizia, em prantos, o torcedor.
O desabafo bateu de mal jeito no coração de Obdulio Varela. De repente, ele se sente o carrasco de um povo. O próprio Obdulio narra, na primeira pessoa, o drama que passaria a viver naquela noite sombria do futebol brasileiro:
"Eu olhava aquele rapaz sofrido. Foi me dando um mal-estar. O povo desse país tinha preparado o maior carnaval do mundo e nós arruinamos tudo. De repente, eu estava tão amargurado quanto ele. Teria sido bonito ver uma noite de carnaval dos brasileiros. Teria sido emocionante ver a multidão delirando com uma coisa tão simples, tão singela. Nós tínhamos estragado a festa e, bem na verdade, não tínhamos ganhado nada. Conquistamos um título, muito bem. Mas, que seria isso comparado com a tristeza imensa de uma gente tão simpática? Pensei no Uruguai. Certamente, o povo lá estaria muito feliz. Mas, eu, Obdulio, estava no Rio, no meio de uma profunda decepção nacional. Me lembrei da raiva que tive quando os brasileiros nos fizeram o gol. E, no entanto, a bronca que dei no campo iria doer em mim também".
O dono do bar foi à mesa do campeão, levando pelo braço o rapaz, ainda choroso.
- Sabe quem é este? Este é o Obdulio Varela. - E apresentou um ao outro.
- Tive a súbita sensação de que aquele rapaz podia me matar - confessa Obdulio - e, se me matasse, talvez merecesse absolvição.
- Por favor, Obdulio - disse, reverente, o rapaz -, você quer tomar um chope comigo?
Obdulio aceitou. Mudou de mesa. "Se tiver de morrer aqui, não pode existir noite mais apropriada", pensou.
À noite do triunfo, Obdulio Varela passou-a, inteirinha, esvaziando canecas e consolando aquela alma penada que acabara de conhecer. Um pobre coração destroçado. E a quem, lá pelas tantas da madrugada, talvez tivesse confessado, como confessaria, mais tarde, ao escritor Oswaldo Soriano:
- Se tivesse de jogar, de novo, aquela final do Maracanã, não se assombre com o que eu vou lhe dizer: eu faria um gol contra. Um gol contra, sim senhor!...
(Nogueira, Armando - A triste noite de um campeão)

3 comentários:

  1. URUGUAIO É FALSO QUE NEM ARGENTINO...LA NA PLATA RIEM ATÉ HOJE

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  2. Desculpe o grande Armando Nogueira, mas essa historia é lenda, como muitas que se inventaram depois daquele milagre feito pelos uruguaios.
    Sou uruguaio e é a 1ª vez que escuto esta história. Os uruguaios queriam ganhar,sim, por se sentirem desprezados até elos próprios dirigentes do Uruguay. Depois ao ver aquela desolação do povo se sentiram tristes mas não ao ponto de fazer aqueles comentários.
    E o que disse o anônimo de aí encima não deu para entender bem, Falsos te uruguaios, argentinos, brasileiros , chineses, ingleses ou seja... em todos lados, até o mesmo anônimo pode ser falso no que está afirmando.
    Mais uma coisa..."LA NA PLATA" me faz entender que "Lá na cidade de La Plata..." La Plata fica em Argentina.

    Uma última coisa para o anônimo, escrever na internet com Caps Lock é de péssima educação.

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